15/08/2011

Primeira Impressão



"A primeira impressão é a que fica." Escuto esta frase desde criancinha e houve um tempo que a levei ao pé da letra. Se alguém me despertasse antipatia no primeiro encontro já era o suficiente para não dar uma segunda chance ao vivente. Hoje porém, penso diferente e sinceramente já não me prendo a estereótipos deste tipo. 

A "primeira vez" em tudo na vida é importante. Você nunca esquece os primeiros momentos de um acontecimento, o primeiro dia de aula, o primeiro olhar apaixonado, o primeiro beijo, a primeira transa, a primeira vez que viu alguém que se tornou importante para você, o primeiro, o primeiro, o primeiro... Isto nada mais é que uma reação normal do seu cérebro armazenando fatos que ele ainda não sabe qual importância terá na sua vida. É como se o nosso cérebro reservasse lembranças que ele não sabe se vão se repetir, ok? 

Também concordo que se você for a uma entrevista de emprego, ao primeiro jantar com a sogra ou algo deste tipo, deve procurar causar uma boa primeira impressão. Vá que o cérebro do recrutador ou da sua sogra resolva registrar nos mínimos detalhes este momento e não te dê uma segunda chance. É bom não vacilar! 

O que não concordo é que se julgue uma pessoa apenas pela primeira impressão que ela causou quando se tem a oportunidade de conhecê-la melhor. O hábito de julgar é nato do ser humano, mas, quando baseado em uma única impressão chega a ser cruel. Como se pode afirmar com convicção que uma pessoa é antipática tão somente por não ter distribuído sorrisos na primeira vez? E se ela for excessivamente tímida? E se ela sofre fobia social que a deixa em pânico diante de pessoas as quais não conhece? E se ela está em depressão e por isto o riso é difícil? São tantos os motivos para uma pessoa agir de uma forma não esperada em uma primeira vez. 

Tenho muitos amigos no mundo real e virtual. No entanto, os meus melhores amigos, aqueles que tenho a liberdade de falar o que penso e para quem dou o melhor de mim, não tiveram uma boa impressão a primeira vez que me conheceram. Sou capricorniana (Sim, eu acredito no perfil dos signos), e para um capricorniano o riso não é algo tão fácil de praticar perante estranhos. O capricorniano é carrancudo por fora e um anjo por dentro e, por este motivo, dificilmente fica distribuindo sorrisos em uma primeira vez. Eu até me esforço, mas sai falso, e aí a impressão piora. Todavia, estes amigos valiosos, no nosso primeiro encontro, também tiveram a impressão de uma pessoa antipática. O que fez a grande diferença, foi que não fizeram um julgamento definitivo e absoluto. Deixaram as portas das suas mentes abertas para que eu tivesse a chance de me mostrar como realmente sou. A primeira impressão não prevaleceu, não ficou e graças a isto uma amizade sincera pode ser construída.

Um único contato não pode ser o suficiente para analisarmos a essência de alguém. Algumas pessoas, por motivos diversos e particulares, não conseguem causar uma primeira boa impressão. Do mesmo modo, a pessoa que está analisando  pode estar usando para a avaliação fatos negativos registrados em sua memória,  por exemplo, a semelhança com alguém que não se relacione bem.Ou ainda, a primeira impressão pode ser tão somente preconceito!

Julgamentos precipitados podem nos levar a descartar diamantes pensando se tratar de pedras. A única coisa que realmente fica na primeira impressão é o quanto de empatia e generosidade você consegue usar com um desconhecido. Pense. Será que vale à pena se prender a detalhes tão insignificantes? Permita-se o direito da segunda impressão e encontrará grandes tesouros escondidos!


Célia Araújo

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