22/08/2011

Cobrador de Ônibus


Até bem pouco tempo eu trabalhava como cobradora de ônibus na Companhia Carris Porto-Alegrense. Quando  falava da minha função na empresa, as opiniões eram diversas. Algumas pessoas achavam uma profissão insignificante, sem graça, sem valor... Outras me perguntavam se não tinha medo dos assaltos, como se assaltos só ocorressem em ônibus. Outras elogiavam, dizendo que as mulheres são mais educadas e que as empresas deveriam contratá-las com mais freqüência para a função. Infelizmente, poucas eram as pessoas que conseguiam perceber quão rica é a rotina de um cobrador. Um cobrador observador, é claro! 

Viajam nos coletivos, todos os dias, os mais variados tipos de pessoas. Tem o alegre, que já entra no ônibus sorrindo. Tem o estressado, que briga por coisas mínimas como um atraso em dia de trânsito congestionado. Tem o hipocondríaco, que basta enxergar o cobrador para contar de suas doenças e suas dores. Tem o repórter policial, aquele que já entra relatando as últimas notícias. Tem o meteorologista, dá a previsão do tempo completa para a última semana. Enfim, são todos seres humanos com suas particularidades, suas qualidades e seus defeitos, que proporcionam à tripulação a oportunidade de testemunhar alguns momentos importantíssimos de suas vidas. 

É o cobrador que presencia a emoção da mulher que acaba de receber o resultado positivo do seu exame HCG (exame que confirma a gravidez). Presencia a esperança do desempregado que embarca no ônibus com destino à sua entrevista de emprego. Presencia a paixão nos olhos dos apaixonados que viajam abraçadinhos. A ansiedade da criança que está indo para o seu primeiro dia de aula. O desespero da mãe que está levando o filho febril para o hospital. A dor daquele que acaba de receber uma ligação informando a perda de um ente querido. A felicidade do estudante que passou no vestibular. A solidão de alguns idosos que embarcam no ônibus e dão uma volta completa apenas para não ficarem sozinhos em casa. O choro de quem perdeu o amor de sua vida. A superação dos deficientes visuais que possuem um jeito todo especial de viver a vida... 

Grande parte dos passageiros não divide apenas o espaço interno do ônibus com o cobrador e o motorista, divide também suas emoções, seus sentimentos e suas aflições. Por isto, quando alguém me pergunta quais os requisitos para ser cobrador de ônibus, respondo com convicção: - Maiores de idade, habilidade para lidar com o público e faculdade em sensibilidade! 

Célia Araújo!



19/08/2011

Versão Masculina do Eu Te Amo


Sentindo-se a mais solitária das mulheres, a esposa, durante uma discussão esbraveja ao marido: 

-Você não me ama mais! Só pode! Qual foi a última vez que falou que me amava sem que eu te cobrasse isto? A tua declaração de amor se resume a um "eu também", logo após eu falar que te amo... Cansei do teu desamor... 

O marido consternado com as reclamações, olhando-a nos olhos, responde: 

-Eu sempre falei que te amo, talvez não da maneira que você esperava. 

-Todas as vezes que cheguei em casa cansado do trabalho e me segurei para não descontar meu estresse em você, eu estava dizendo eu te amo. 

-Sempre que tua enxaqueca te perturbava a ponto de te deixar mal humorada e queixosa e eu me controlava para não revidar às suas críticas injustas, eu estava dizendo eu te amo. 

-Nas noites que saíamos para jantar e deixava que você escolhesse aquele restaurante italiano, quando minha real vontade era ir a uma churrascaria, eu estava dizendo eu te amo! 

-Quando eu ficava quieto diante de suas agressões verbais, irritabilidade e sensibilidade excessiva, por acreditar em sua TPM, mesmo que a maioria dos homens que eu conheço não acredite nisto, eu estava dizendo eu te amo! 

-Sempre que fugi das tentações na rua e não me coloquei em situações as quais pudessem te ferir, eu estava dizendo eu te amo! 

-Quando preferia o vinho à cerveja em deferência ao seu gosto, eu estava dizendo eu te amo! 

-Nas noites que ao retornar para casa já te encontrava adormecida e então caminhava delicadamente para não te acordar, pois respeitava o teu cansaço, eu estava dizendo eu te amo! 

-Quando íamos ao cinema assistir a um filme que você escolheu e segurava sua mão durante a sessão, eu estava dizendo eu te amo! 

-Todas as vezes que te incentivei para que lutasse pelos teus sonhos, mesmo não tendo certeza se eu fazia parte deles, eu estava dizendo eu te amo! 

-Todas as vezes que te abracei enquanto dormias e acariciei teu cabelo, eu estava dizendo eu te amo! 

-Em todas as vezes que relevei o fato de falares tão mal de minha família, por acreditar que pudesse ser apenas uma insegurança passageira tua, eu estava dizendo eu te amo! 

-Em todos os elogios que te fiz, seja pela nova cor do cabelo, pela sua inteligência ou mesmo por aquela receita que tanto me agrada, eu estava dizendo eu te amo! 

-Em todos os momentos que cuidei para que tudo saísse como você queria, eu estava dizendo eu te amo! 

-Nos meus olhares, nos meus gestos, nas minhas decisões, nas minhas escolhas, nas minhas preocupações com você, na minha perseverança com a nossa relação, nos meus sonhos, eu sempre falei  eu te amo. Então, humildemente te peço perdão, por te demonstrar o meu amor tanto mais em atitudes do que em palavras...


Célia Araújo!

17/08/2011

Pura Nostalgia



Hoje tive um momento puramente nostálgico. Lembrei o primeiro instante que decidi escrever sobre e para alguém... Isto, depois se tornou  um hábito que me aliviou de tantas dores. Mas vamos às lembranças... 

Estava eu com sete anos de idade, cursando a primeira série do que hoje chamam de ensino fundamental. Aproximava-se o dia das mães e queria escrever uma mensagem em um cartão para minha mãezinha. Meus irmãos mais velhos se ofereceram para me ajudar na tarefa, já que ainda estava sendo alfabetizada e muitas palavras não sabia escrever. Respondi que não! Eu iria escrever a mensagem sozinha, com erros ou sem erros! Então escrevi a minha declaração de amor: "CERIDA MAMÃE, EU TE AMO." 

Sim, eu escrevi "cerida” ao invés de "querida". Riam bastante da minha ingenuidade!!!! Mas, o fato era que não havia aprendido as exceções da nossa tão complicada Língua Portuguesa, e no meu raciocínio simplista de criança que está sendo alfabetizada, julguei: Se C+A é igual a CA, C+E é igual a QUE. E aí cometi a minha primeira e memorável gafe na escrita. 

Minha mãe leu o cartão e se emocionou. Parecia estar diante de uma pedra preciosa. Meus irmão riam compulsivamente que quase se mijaram nas calças. Ai que raiva deles! Não conseguiram compreender que da maneira mais engraçada (e errada na grafia) estava abrindo o meu coração e declarando o meu primeiro amor. Pensando bem, eles compreenderam, a situação é que era muito engraçada e pedia boas risadas. 

Esta minha primeira declaração de amor escrita foi guardada com muito carinho pela minha mãe. As mães têm o dom de valorizar cada pequeno gesto de seus filhos, por mais insignificante que pareça. Infelizmente foi também o último cartão de dia da mães que pude lhe dar. Em fevereiro do ano seguinte ela faleceu e mais do que nunca precisei escrever. Cada angústia, cada sentimento passou a ser registrado no papel, muita vezes em um português mal escrito, porém cheio de emoções absolutamente verdadeiras. Este hábito me acompanhou a vida inteira. Foi, e, é a melhor terapia que encontrei para lidar com a dor e com as alegrias no decorrer da minha caminhada pela vida. 

Escrever tem seus rituais. Quando escrevo sobre alguma lembrança triste ou romântica, por exemplo, gosto ficar escutando bem baixinho, músicas de cantores que expressam fervorosamente seus sentimentos. Entre meus favoritos Janis Joplin, Nirvana, John Lennon, Elvis Presley, Bob Dylan, outros. É interessante, pois parece que estou dividindo a emoção com a música .

Embora hoje, por culpa da tecnologia, eu faça uso do computador, sempre gostei de usar papel e caneta para desabafar. A escrita a mão me provoca reações e questionamentos inimagináveis. Eu começo a escrever e lá pelas tantas cometo um erro de português. Quando o noto, rasuro o papel e escrevo em cima. Sigo em frente e lá pelas tantas me arrependo de alguma frase que escrevi, então, risco sobre ela e continuo a jornada das letras. Ao terminar passo a limpo para um caderno, ou mesmo para o computador. Não descarto, no entanto, o rascunho. Ele é uma preciosidade, foi nele que escrevi coisas das quais não tive coragem de compartilhar, o rascunho me faz humana com erros e acertos e me mostra emoções que eu própria desconhecia. O rascunho me dá o direito de errar e me arrepender! O rascunho é testemunha de que tentei mais uma vez!

No computador tudo é perfeito. Eu erro a grafia e o Word avisa e ainda me dá sugestões. Erro a concordância na frase e ele corrige. Se me arrependo de alguma coisa que escrevi é só deletar e no final, tudo sai perfeito, como se na vida pudesse ser sempre assim, ideias claras, pensamentos objetivos, nada de confusão, nada de erros, nada de borrões, nada dos enganos que nos tornam singularmente humanos! 

De tantos rascunhos, erros e frases equivocadas que já escrevi, cheguei à conclusão que isto é o que nos faz crescer como ser. Olhar para cada vírgula que foi colocada no nosso caminho, cada ponto de exclamação e de interrogação muitas vezes no lugar errado e se permitir escrever um novo pedaço da nossa história. Olhar para os equívocos e sentir coragem o suficiente para admitir que os cometeu, e talvez por isto entender quando o outro erra conosco. Captar cada lição de uma mensagem mal grafada e lembrar que o verdadeiro sentimento está na essência das palavras e não em sua aparência. Usar mais reticências para aquilo que não se tem uma resposta imediata. Ter cuidado ao usar o ponto final!

É, eu avisei no título que era pura nostalgia!


Célia Araújo

15/08/2011

Primeira Impressão



"A primeira impressão é a que fica." Escuto esta frase desde criancinha e houve um tempo que a levei ao pé da letra. Se alguém me despertasse antipatia no primeiro encontro já era o suficiente para não dar uma segunda chance ao vivente. Hoje porém, penso diferente e sinceramente já não me prendo a estereótipos deste tipo. 

A "primeira vez" em tudo na vida é importante. Você nunca esquece os primeiros momentos de um acontecimento, o primeiro dia de aula, o primeiro olhar apaixonado, o primeiro beijo, a primeira transa, a primeira vez que viu alguém que se tornou importante para você, o primeiro, o primeiro, o primeiro... Isto nada mais é que uma reação normal do seu cérebro armazenando fatos que ele ainda não sabe qual importância terá na sua vida. É como se o nosso cérebro reservasse lembranças que ele não sabe se vão se repetir, ok? 

Também concordo que se você for a uma entrevista de emprego, ao primeiro jantar com a sogra ou algo deste tipo, deve procurar causar uma boa primeira impressão. Vá que o cérebro do recrutador ou da sua sogra resolva registrar nos mínimos detalhes este momento e não te dê uma segunda chance. É bom não vacilar! 

O que não concordo é que se julgue uma pessoa apenas pela primeira impressão que ela causou quando se tem a oportunidade de conhecê-la melhor. O hábito de julgar é nato do ser humano, mas, quando baseado em uma única impressão chega a ser cruel. Como se pode afirmar com convicção que uma pessoa é antipática tão somente por não ter distribuído sorrisos na primeira vez? E se ela for excessivamente tímida? E se ela sofre fobia social que a deixa em pânico diante de pessoas as quais não conhece? E se ela está em depressão e por isto o riso é difícil? São tantos os motivos para uma pessoa agir de uma forma não esperada em uma primeira vez. 

Tenho muitos amigos no mundo real e virtual. No entanto, os meus melhores amigos, aqueles que tenho a liberdade de falar o que penso e para quem dou o melhor de mim, não tiveram uma boa impressão a primeira vez que me conheceram. Sou capricorniana (Sim, eu acredito no perfil dos signos), e para um capricorniano o riso não é algo tão fácil de praticar perante estranhos. O capricorniano é carrancudo por fora e um anjo por dentro e, por este motivo, dificilmente fica distribuindo sorrisos em uma primeira vez. Eu até me esforço, mas sai falso, e aí a impressão piora. Todavia, estes amigos valiosos, no nosso primeiro encontro, também tiveram a impressão de uma pessoa antipática. O que fez a grande diferença, foi que não fizeram um julgamento definitivo e absoluto. Deixaram as portas das suas mentes abertas para que eu tivesse a chance de me mostrar como realmente sou. A primeira impressão não prevaleceu, não ficou e graças a isto uma amizade sincera pode ser construída.

Um único contato não pode ser o suficiente para analisarmos a essência de alguém. Algumas pessoas, por motivos diversos e particulares, não conseguem causar uma primeira boa impressão. Do mesmo modo, a pessoa que está analisando  pode estar usando para a avaliação fatos negativos registrados em sua memória,  por exemplo, a semelhança com alguém que não se relacione bem.Ou ainda, a primeira impressão pode ser tão somente preconceito!

Julgamentos precipitados podem nos levar a descartar diamantes pensando se tratar de pedras. A única coisa que realmente fica na primeira impressão é o quanto de empatia e generosidade você consegue usar com um desconhecido. Pense. Será que vale à pena se prender a detalhes tão insignificantes? Permita-se o direito da segunda impressão e encontrará grandes tesouros escondidos!


Célia Araújo

13/08/2011

Não Quero Amor Bege!



Não gosto do bege! Odeio! Tudo precisa de cor e aquilo que não precisa que fique em preto e branco. Definitivamente bege não é cor...O vermelho me apaixona, o azul me acalma, o preto me assusta, o branco me dá paz. E o bege? Não me provoca sensação alguma, é morno, é meio termo!

Os sentimentos são como cores, têm que te provocar ação e reação, te tirar do chão, ou mesmo te dar tranquilidade, mas não podem ser bege, ou me queima a mão, ou me gela a alma, meio termo não me acrescenta. O olhar tem que ser forte, tem que te penetrar a essência, tem que enxergar o que tem dentro. Têm que ter cores!

Tenho necessidade de sentir olho no olho, de sentir o calor do corpo, de ouvir a voz bem próxima ao meu ouvido. Se não for assim, que permaneça a distância, nada pior que conversar com alguém que lê o jornal enquanto fala com você. Ele está ali fisicamente e até escuta algumas palavras suas, mas não te enxerga, é bege, é morno, é meio termo!

Eu quero todas as emoções. Do calor do beijo ao choro da saudade, das noites de amor às noites de insônia, do chope que te refresca ao vinho que te aquece. Quero deitar e sentir que tem alguém do meu lado, que este alguém me ame e que este amor seja vermelho, quente, forte, inteiro. E nas crises, que seja verde esperança. Não quero amor bege!

Jogo-me inteira num sentimento, amo, brigo, choro, sorrio...Sou extremamente passional. Quebro a cara! A paixão ferve os meus neurônios, me enlouquece e se eu sentir que o outro não consegue se entregar, recolho os meu cacos e bato em retirada para não ter o desprazer de viver um relacionamento sem cores. 

Ou me acompanha, ou me deixa ir.  Ou tem a alegria do rosa  ou o preto da desilusão. Ou o sangue ferve nas minha veias ou se aquieta numa lembrança saudosa. Até a dor tem suas vantagens. Até o ódio tem suas nuances. O ódio, assim como o amor, te coloca no centro das atenções. Já a indiferença te faz se sentir bege, transparente, invisível...

Quero que meu amor seja sempre vermelho sangue. Tão forte quanto a minha personalidade, tão quente quanto o sol do verão, tão grande quanto a imensidão do mar. Não quero meios termos, não quero amor morno, o bege não me interessa!


Célia Araújo!

08/08/2011

De Mãe Jovem a Jovem Avó!




Das coisas mais  emocionantes e gratificantes que aconteceu na minha vida, sem dúvida a maternidade é a que mais se destaca. Fui mãe muito jovem, 17 anos, mas a pouca idade não impediu que eu curtisse meus filhos, nem que amadurecesse o suficiente para amá-los e educá-los. Não foi fácil. Deixei de lado os sonhos de adolescente para me perder entre fraldas, mamadeiras e noites mal dormidas. A escola, a balada, os amigos, tudo mais ficou para depois. É incrível como um pequeno ser transforma tanto a sua vida, te priva de muitas coisas, te cobra atitudes adultas e ainda assim te faz imensuravelmente feliz.

Sempre digo que faria tudo de novo. E faria! Cada sorriso dos meus filhos, cada conquista, cada olhar apaixonado, cada pequeno gesto deles fez com que tudo valesse à pena. Eu me realizei como mãe e mulher. Eu aprendi a amar de verdade. A colocá-los sempre antes da minha vontade. Aprendi também a dizer não, mesmo quando isto me doía no peito. E descobri que nada, mas nada mesmo, nem a morte, poderia destruir um amor tão grande quanto o amor materno!

Meus pimpolhos cresceram e embora eu ainda me sinta tão jovem, eles já são adultos, pelo menos na idade, pois no meu coração serão eternos bebês! Cresceram tanto que já estão tomando em suas mãos as rédeas de suas vidas. Esta semana eu tive a notícia que serei Avó. Minha filha Tamíris está grávida. Ela que até bem pouco tempo era só uma criança agora será mãe.

Entre o susto e a alegria surgiram outros sentimentos. Entre outras preocupações o fato de ela ser mãe aos 19 anos, do pai também ser jovem, dos preparativos... Depois deste primeiro minuto de um compreensível impacto total, a alegria toma conta. Sinto-me grávida, esperando por um bebê que está em outra barriga. Sei que esta criança trará muitas alegrias, que este pequeno ser fará pela minha filha o que eles fizeram por mim. Que ela passará por momentos difíceis que toda mãe passa, mas que amadurecerá e será tão feliz com a maternidade quanto eu fui e sou!

Eu avó? Não tive como fugir deste questionamento. Eu me lembro da minha avó em todos os seus detalhes. Uma mulher amável, carinhosa e doce. Adorava ir visitá-la e ficava horas escutando suas histórias. Tenho ótimas lembranças suas. Porém de aparência, tinha cabelos grisalhos preso a um coque, vestido comprido com estampa de flores solto ao corpo, nada de maquiagens, quase nenhuma escolaridade, nenhuma vaidade. Eu sempre acreditei que minha vó era assexuada!

E eu? Sou uma mulher jovem, faço faculdade, ainda saio pra balada, ando de mãos dadas, dou beijo na boca, faço sexo, namoro, uso roupas justas, decotes, tenho piercing no nariz, tatuagens, faço chapinha, danço, ando de moto, uso biquíni, navego na internet e vou ser avó! Isto mesmo eu vou ser avó! E ao contrário do que algumas pessoas pensam, eu não me sinto mais velha por isto. Como ainda sou jovem, terei disposição para correr e brincar com o meu neto, faremos uso juntos das tecnologias da internet, poderei acompanhá-lo quando fizer a sua primeira tatuagem . Todavia, darei a ele o mesmo amor que a minha vó velhinha me dava!

Esposa, mulher, mãe, tia, dinda, avó, são apenas títulos. Que venham todos! O mais importante é o amor e a felicidade que se sente ao conquistar cada um deles. Eu estou muito feliz! Eu serei avó!

Célia Araújo

07/08/2011

Sem príncipes, eu é que sou a princesa!


Quando adolescente sonhava com  o príncipe encantado, montado no seu cavalo branco, que iria me salvar daquela vida tão sofrida e solitária que eu levava..Este pensamento, com certeza, não foi único e exclusivamente meu. Sabemos, que a maioria das meninas fantasiam com o primeiro amor, salvo algumas sortudas e bem resolvidas, as demais ainda acreditam em lindas histórias de amor. Até aí nada de errado, é da idade! Enquanto os meninos querem descobrir os prazeres do seu corpo, as meninas querem encontrar alguém responsável por sua felicidade eterna.

O problema é quando você entra na fase jovem-adulta e ainda continua com este pensamento. No meu caso, o príncipe andava de ônibus, sem cavalo branco, aliás, descobri que o cavalo era ele. Depois dos primeiro meses de felicidade e juras de amor eterno, vieram os problemas reais. Falta de dinheiro para ir ao cinema e enviar flores, faz com que o mais romântico dos homens se transforme em um sapo aos nosso olhos fantasiadores. A culpa é do do outro por não corresponder às suas expectativas? Não. A culpa é sua, tão somente sua, por ainda se comportar como uma adolescente esperando alguém que seja o arquiteto da sua felicidade!

A felicidade é uma conquista individual. Ninguém, em sã consciência pode querer que o outro realize os seus sonhos. É você que deve traçar objetivos na vida e buscar alcançá-los. É você que deve ser interessante para atrair pessoas interessantes. É você que tem de se sentir uma princesa e não necessitar de um príncipe para isto! O outro deve ser um complemento da sua felicidade e não a própria. O outro deve acrescentar e não ser o todo. O outro também tem seus sonhos e você pode e deve fazer parte deles, sonhar juntos, mas jamais ditar os sonhos que ele deve sonhar! É por isto que eu não acredito em metade da laranja e muito menos cara-metade. A minha laranja tem de vir inteira, não quero pedaços. E quanto a cara-metade, um rostinho inteiro coladinho ao seu é bem mais gostoso!

Li a crônica "Todas as mulheres têm 32 anos", da escritora Stella Florence e me identifiquei muito. Ela fala o porquê desta idade ser tão cobiçada pelas mulheres em outras fases de suas vidas. No meu caso, hoje com 38 anos (não adianta mentir idade) lembro com muito carinho dos meus 32 anos. Foi nesta fase da vida que eu bati o martelo: "Não preciso de ninguém para me fazer feliz, eu mesma sou inteligente e capaz o suficiente para isto e também não quero ser a felicidade de alguém, quero servir apenas de inspiração para o outro, de amparo, mas jamais ser o seu alvo de felicidade." As vezes dou umas escorregadas, é verdade, porém, procuro não fazer da exceção, uma regra!

Não despeje no outro suas frustrações. Não espere que ele resolva sua vida. Já é tão desafiador conquistar a própria felicidade, imagina o peso que é carregar a responsabilidade da felicidade alheia. É obvio que quando amamos alguém queremos vê-lo bem, porém, não a qualquer preço. O mais importante num relacionamento, é aprender a amar a si próprio para conseguir amar o seu parceiro. Quem se ama é mais leve, mais natural e mais fácil de ser amado. Não dá para amar alguém que nos sufoca, que nos impõe sentimentos, que nos tira a naturalidade. O verdadeiro amor nos transforma, nos faz crescer, nos faz melhor...Se não for assim não ouse chamar de amor!

Quando deixamos de querer que o amor aconteça em nossas vidas como em um manual de instruções, seguindo regras e pressupostos, somos presenteados com momentos encantadoramente mágicos!


Célia Araújo