03/06/2010

PARA MINHA MÃEZINHA (EM MEMÓRIA)



Oi Mãe!

Sempre pensei em escrever sobre você, mas nunca consegui! Sabe mãe, quando você foi embora eu descobri que escrever é uma excelente terapia. Isto se tornou um hábito e muitos e muitos textos que eu escrevi já coloquei fora, era só um desabafo. As letras se tornaram minhas melhores amigas. A coisa é simples assim: eu escrevo e me sinto melhor, depois que estou melhor descarto o que escrevi. Talvez por isto nunca conseguisse escrever sobre você. Eu não conseguiria descartar o escrito! Hoje, porém, senti uma necessidade de conversar com você. Está chegando a data do seu aniversário de vinda e de ida deste mundo e as lembranças ficam mais claras na minha mente nesta situação. Preciso falar-te através desta carta...

Sabe Mãe? A vida aqui na terra mudou muito desde que você se foi. Agora as pessoas não escutam mais disco de vinil. É o tal Cd que o substituiu. A gente ouve e parece que o cantor está na nossa sala cantando. Aquele radinho de pilha que você escutava enquanto lavava roupas no tanque também já está deixando de existir. Agora as pessoas escutam MP3, MP4, Mp10. Aliás, poucas são as mulheres que ainda lavam roupas em tanque. A mulherada agora usa máquina pra tudo. E o telefone então? O celular virou companheiro inseparável das pessoas. Ah! Desculpa Mãe! Você não deve saber o que é celular. O celular é um telefone que mais parece um radinho de pilha. As pessoas andam com ele no bolso ou na bolsa, levam para todos os lugares e podem ligar para os outros de qualquer lugar onde estejam. Com isto, o hábito saudável de visitar os amigos e parentes está quase deixando de existir. Se as pessoas querem conversar, usam o celular, se querem fofocar usam o celular. Se querem reclamar, usam o celular.

Agora também, Mãe, é a era do computador. É uma tela parecida com a televisão, mas muito menor que aquela televisão a válvula que tinha na nossa sala, lembra? Pois é. O computador nos liga ao mundo inteiro. Tudo está no computador. Desde uma receita de bolo até o último livro publicado. Sem falar no email, que nada mais é que uma carta eletrônica, eu escrevo aqui no meu computador e a pessoa que eu enviar recebe no dela. Não é o máximo, Mãe?

Inventaram de tudo neste mundo maluco, Mãe! Tem até Robô fazendo cirurgia em humanos. Mas, nem uma mente brilhante como a destes cientistas, conseguiu inventar um remédio para a dor desta saudade que eu sinto de você. É uma saudade tão grande e tão dolorosa, que não conseguiria explicar. Eu sinto falta até daquilo que eu não vivi com você. É a tua ausência nos melhores e piores anos da minha vida que me incomoda. É a mão que você não pode me dar em noite de temporal. É a conversa que precisava ter quando amei pela primeira vez. Os teus conselhos que precisei escutar e não os tive. Todos estes anos eu guardei pequenas recordações que alimentaram a minha alma enquanto eu crescia! Eu me tornei a mulher que sou porque me inspirei na mulher que eras! Eu enfrentei todos os obstáculos por lembrar sempre da tua voz serena e firme dizendo ao meu ouvido: “O mundo pertence aos fortes. Tenha coragem sempre, Minha Filha!” Guardei lembranças de momentos que ficarão para sempre em meu coração!

Hoje sou Mãe, como você! E como eu gostaria que estivesse aqui para te contar sobre os meus filhos. Sobre minhas inseguranças de mãe, sobre a primeira papinha, o primeiro dentinho, as minhas conquistas, os meus erros, tudo , tudo mesmo... E também te dizer que Deus me deu tantas coisas, tantas alegrias, que eu não consigo entender porque não deixou você comigo...

Sem Lamentos, quero te dizer que o pouco tempo que estivemos juntas aqui na terra fez com que eu sentisse um orgulho enorme de você. Um dia teremos as respostas para as nossas perguntas. Quem sabe, em outra encarnação poderemos viver o que foi interrompido nesta vida! Eu amo você, Minha Mãezinha. E te amarei por toda a eternidade!

Sua Caçulinha, Célia Araújo.

Um comentário:

  1. Celia muito legal e emosionante esse texto que tu escreveu sobre tua mãezinha, parabens

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