06/06/2010

MÁSCARAS NECESSÁRIAS



Em tempos de reality show, tornou-se comum a expressão "máscara" ser usada como sinônimo de falsidade, dissimulação, fingimento, e outros adjetivos pejorativos. É muito comum ouvirmos falar que as pessoas que não usam máscaras são verdadeiras, corretas e pessoas mascaradas são falsas, dissimuladas. Será?

Como humanos estamos expostos a situações adversas durante toda a nossa vida. Seja no trabalho, no lar ou entre amigos, nem sempre podemos agir conforme manda nossa consciência. Muitas vezes precisamos de disfarces que nos permitam conviver bem com as demais pessoas sem entrarmos em atritos desnecessários. Imagine se você resolvesse falar sempre a verdade em qualquer situação. Teria que dizer ao seu amigo que ele está com mau-hálito. Não poderia mentir sobre a roupa que deixa sua namorada com aparência de gordinha, caso ela te perguntasse. E o constrangimento que causaria quando seu chefe indagasse pelo colega e você o entregasse, contando que o mesmo está matando trabalho. É bom nem pensar! Isto já foi tema de uma comédia no cinema e rendeu boas gargalhadas...

Usamos máscaras em qualquer situação. O homem sério, de pouco sorriso, no ambiente de trabalho é também o homem alegre, de sorriso farto com o grupo do futebol. A menina discreta diante da família é a mesma que paquera muito quando entre amigas no Shopping. A mulher educada, elegante perante as amigas, desce do salto rapidamente quando o assunto é defender os próprios filhos. Ora nos mostramos sensíveis, ora fortes. Ora somos extrovertidos, ora introvertidos. Não podemos e nem devemos nos mostrar os mesmos em casa ou no trabalho, na escola ou no clube, na missa ou na casa do namorado. Até mesmo um inocente bebê usa a máscara de coitadinho para ganhar o colinho da mamãe.

Não só criamos personagens através das nossas máscaras como também escondemos traços da nossa personalidade que não desejamos ou não podemos mostrar naquele momento. Não raro, nos surpreendemos com colegas de trabalhos ao conhecê-los na intimidade de seu lar. Parece outra pessoa, não é mesmo? E talvez seja mesmo outra pessoa, já que os seres humanos são múltiplos, exercendo vários papéis na sociedade. Naquele odiado jantar de negócios, máscara de simpático. No almoço de domingo com a sogra, máscara de nora perfeita. No futebol com os amigos do marido, máscara de esposa compreensiva. E se você me disser que não as usa nunca, eu lhe direi que esta usando a máscara da perfeição.

É claro que por escondermos os nossos sentimentos e vontades no nosso convívio social, não quer dizer que não temos personalidade. Cada ser humano tem sua essência, suas convicções que o torna ímpar perante outro. Usamos nossos disfarces quando necessário e na maioria das vezes para protegermos a nós e a quem amamos. É a lei da vida. Até um animal se faz de morto para fugir do predador. No entanto é quando nos olhamos no espelho da nossa existência que vemos quem realmente somos, sem disfarces, sem máscaras. Olhe sua imagem no espelho hoje. Apresente-se a você mesmo! Espero que seja um prazer conhecer-se!


Célia Araújo

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